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Merino Branco

História

Os Merinos Brancos têm uma origem comum aos restantes Merinos da Península, que é considerada o seu berço, e segundo dados históricos apontados por vários investigadores, provêm de épocas muito anteriores à da fundação da nossa nacionalidade.

As hipóteses acerca da formação do Merino têm sido largamente debatidas, baseando-se em documentos escritos e achados arqueológicos que conduziram uns zootecnistas à sua inclusão no antigo tronco pré-histórico Ovis Aires Vigney, mutação celoide do Muflão, originário das imediações do mar Cáspio, enquanto outros o consideram descendentes de ovinos autóctones primitivos, sucessivamente selecionados durante muitas gerações.

Segundo os primeiros, estes ovinos de lãs finas teriam chegado à Península com as viagens de Fenícios, Gregos e Cartagineses, nas suas jornadas de comércio vindos das regiões de Tiro, Cartago, Ásia Menor e Norte de África, onde havia animais de lãs finas, base do fabrico de tecidos e tapeçarias muito apreciadas naquelas recuadas épocas.

Mais tarde, com as invasões árabes, e sobretudo aquando da vinda da Tribo dos Beni-Merines à Península, ter-se-iam introduzido aqui rebanhos do norte de África que seriam os antepassados dos Merinos atuais.

Segundo outros autores, esta hipótese não tem consistência, dada a já existência de lãs de boa qualidade, tal como refere Plínio nos seus escritos, designando-as lãs da Bética e da Turdetânia, antes da chegada dos Romanos à Ibéria nos séculos III e II antes de Cristo. Um dos locais de fabrico de bons tecidos de lã foi Alcaçér do Sal, levando a crer a existência de animais de lãs finas na região que é hoje o Alentejo.

É de referir, o importante interesse dos nossos vizinhos espanhóis, que através das medidas de proteção e apoio dado aos rebanhos pelo famoso código de leis que foi a Mesta, resultou a criação de uma raça de animais dotados de características próprias na produção de lãs de qualidade superior e que, posteriormente conquistou um lugar de destaque em quase todos os continentes.

Mais recentemente, há cerca de 200 anos, os franceses produziram a partir de Merinos Espanhóis umas raças distintas, das quais se destaca o Rambouillets e Precoce, que tiveram uma grande influência sobre os Merinos de Portugal e Espanha.

As movimentações constantes dos povos peninsulares e dos seus rebanhos transumantes, nas zonas fronteiriças do Sul de Portugal, tiveram uma marcada influência nas nossas populações ovinas.

Em Portugal, a partir de 1903, a Coudelaria Nacional da Fonte Boa inicia uma ação de melhoramento dos Merinos, cruzando ovelhas Merinas espanholas de Sevilha com carneiros Rambouillet de origem francesa, de que resultou um tipo de Merino denominado Fonte Boa. Esta raça teve a sua época de expansão, havendo conhecimento da sua chegada a quase todas as províncias portuguesas onde se intencionava melhorar a qualidade da lã.

A partir dos anos 30, inicia-se um maior interesse pela precocidade e conformação dos Merinos, aparecendo em França os Merinos Precoces, que vieram a ter em Portugal uma marcada ação.

Na década de 1940 e anos seguintes, através de campanhas de melhoramento ovino promovidas pela Direcção-Geral dos Serviços Pecuários e pela Junta Nacional de Produtos Pecuários, acentuou-se a influência destes Merinos precoces, contribuindo para uma melhoria evidente da ovinicultura do Sul do país.

Assim, os atuais Merinos Brancos são o produto dos trabalhos praticados pelos nossos criadores e técnicos sobre as populações autóctones, com participação de ovinos espanhóis e franceses.

Padrão da raça

Grande extensão do velo

Os Merinos Brancos caracterizam-se pela grande extensão do seu velo e pela boa qualidade da sua lã, assemelhando-se aos espanhóis, com os quais têm grande afinidade.

Compreendem cerca de metade do efectivo ovino nacional, revelando algumas variantes em função das influências exercidas pelo meio ou da orientação selectiva que os criadores lhe exprimiram. O Merino Branco é um animal de tamanho médio – eumétrico e mediolíneo.

O protótipo racial que consta do Regulamento do Registo Zootécnico da Raça é o seguinte:

Branca

De tamanho médio, larga e curta. Perfil craniano subconvexo. Chanfro recto nas fêmeas, mais ou menos recto convexo nos machos. Boca grande, com lábios grossos. Olhos grandes e expressivos, com arcadas orbitais não muito salientes. Orelhas pequenas e horizontais. Cornos ausentes nas fêmeas, mas frequentes nos machos, enrolados em espiral mais ou menos fechada, rugosos e de secção triangular. Bem revestida de lã, a qual recobre por vezes, parte das faces e do frontal.

De volume mediano. Garrote pouco destacado, seguido duma linha dorsolombar horizontal. Espádua regularmente proporcionada e desenvolvida. Costado medianamente arqueado. Ventre desenvolvido. Dorso e rins de comprimento e largura médios. Garupa curta e ligeiramente descaída. No seu conjunto, o tronco apresenta um todo harmonioso.

Fina, untuosa e sem pigmentação.

Largo e bem inserido, com tetos curtos mas bem implantados.

Fortes e regularmente aprumados. Curvilhões grossos, tal como as restantes articulações. Revestimento lanar, em geral, abaixo dos joelhos e dos curvilhões.

Muito extenso e tochado, com madeixas cilíndricas ou quadradas. Regularmente homogéneo, recobre a cabeça, todo o pescoço, o ventre, os membros quase até às unhas e os testículos.

Qualidades e Aptidões

Qualidade na Lã

Os Merinos Brancos caracterizam-se pela qualidade da sua lã e pela sua extraordinária rusticidade. Esta última permite-lhes suportarem as condições difíceis em que vivem, em regiões sujeitas a grandes amplitudes térmicas e a uma fraca e irregular queda de chuva, que compromete a sua alimentação durante largos períodos do ano.

O sistema de exploração mais comum é o regime de sequeiro extensivo, com efectivos de grandes dimensões (300 a 500 ovelhas), sendo hoje em dia a produção de carne o objectivo principal.

Reprodução

A ovelha Merina Branca é de ciclo éstrico permanente, pelo que pode ser utilizada em regimes reprodutivos diversos, consoante o interesse dos criadores. Tradicionalmente, o maneio reprodutivo mais utilizado baseava-se em duas épocas de cobrição (Primavera e Outono) o que permitia a colocação de borregos no mercado nas épocas do Natal e da Páscoa, respectivamente. Tem-se observado alguma intensificação no ritmo reprodutivo dos rebanhos, em que alguns criadores optam por épocas de cobrição de 2 meses de duração o que permite a obtenção de dois partos em dois anos. Outros criadores têm optado por manter os carneiros permanentemente no rebanho. O primeiro parto verifica-se, geralmente, entre os 18 e os 20 meses de idade. No quadro abaixo, indicam-se os valores médios dos índices reprodutivos desta etnia.

Fertilidade
Entre 80 a 85 %
Fecundidade
Entre 95 a 100%
Prolificidade
Entre 110 a 120%
Produtividade
Entre 80 a 90%
Produção de Carne

A carne produzida pelos Merinos Brancos é, fundamentalmente, constituída pela dos borregos de pasto e de criação mais ou menos intensiva. Em geral, estes borregos são desmamados com 4 a 5 meses de idade e 25 a 30 kg de peso vivo. Em regime de acabamento intensivo, após um desmame precoce, entre os 45 e os 60 dias, atingem aqueles pesos com a idade de 100 a 120 dias e dão um rendimento em carcaça de 48 a 50 %. Aos animais de reforma cabem cerca de 20 % da produção de carne, tendo um rendimento ao abate de 42 a 45 %. Os dados ponderais são os seguintes:

Peso ao Nascimento

3.5 a 4.0 kg

Peso ao Desmame (120 a 150 dias)

25 a 30 kg

Peso dos Adultos

Macho

80 a 85 kg

Fêmea

45 a 60 kg



Produção de Leite

O regime de exploração seguido e as condições climatéricas das zonas onde vive o Merino Branco não são propícios para uma produção leiteira abundante. Após terem amamentado um borrego durante 4 a 5 meses, as ovelhas são submetidas a uma ordenha durante 90 a 100 dias, até meados de Junho. Os alavões iniciam-se, geralmente, em Janeiro ou Fevereiro. Durante o período de ordenha, a produção individual anda à volta de 20 a 25 litros.

Produção de Lã

O Merino Branco é produtor de lã fina, muito frisada, sugosa e de toque suave, o que lhe confere o primeiro lugar entre as lãs nacionais. Embora a desvalorização da lã relativamente a outros produtos do ovino, prevalece o interesse pelo seu melhoramento. Há muitos anos que a Junta Nacional de Produtos Pecuários vem interferindo junto dos criadores e das organizações, principalmente na zona dos Merinos, promovendo a boa tecnologia das tosquias, tratamento e armazenagem dos velos e ainda tipificação para venda em leilão, com garantia de preço para o produtor. As características desta produção são as seguintes:

Peso do velo

Machos

4.5 a 5 kg

Fêmeas

2.5 a 2.8 kg

Comprimento das Fibras

6 a 8 cm

Diâmetro das Fibras

18 a 25 micros

Rendimento em LAF

50 a 52%

Classificação (portuguesa)

De merino extra a merino forte



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